O brinde está presente em todo tipo de reunião. Segundo os historiadores, o ritual teria sido iniciado pelos gregos, festeiros históricos, pelos idos do século VII a.C. Para eles, brindar era a maneira que o anfitrião tinha para provar a seus convidados que a bebida não estava envenenada. Por isso, fazia parte do rito o convidado beber no mesmo cálice que o anfitrião.
Na Idade Média era adotado quase o mesmo procedimento: quando dois grupos guerreiros rivais negociavam a paz, selavam o acordo bebendo juntos. Mas ainda com poucos laços de confiança, ambos os grupos batiam violentamente seus copos para que todos os líquidos se misturassem. Assim, se alguma bebida estivesse envenenada, todos morreriam. Tempos depois o costume se derivou. Quando, já sabidamente, as pessoas unidas pelo brinde eram convivas, beber no mesmo cálice do anfitrião significava atestar a qualidade da bebida oferecida. Uma vez provada e aprovada, todos batiam os copos ou taças em sinal de alegria e de confiança.
Outra curiosidade remete ao tempo dos vikings. Pesquisadores dizem que eles desenvolveram a prática de beber em crânios dos inimigos derrotados, transformados em tigelas. Os brindes eram feitos, literalmente, batendo cabeças.
COM ALEGRIA E BEBIDA
O ato de brindar se espalhou mundo afora e hoje está presente em praticamente todas as culturas. Cada país tem, em geral, sua expressão e sua bebida preferida para este momento. E quase que invariavelmente, o brinde vem precedido de um discurso. As palavras de quem o profere podem tornar o brinde inesquecível, como também trágico.
Os brindes podem ganhar mais notoriedade em eventos formais, porém, eles acontecem a toda hora, cotidianamente. Todos já devem ter presenciado a cena de uma mesa de amigos brindando a um motivo qualquer. Quase tudo já foi mote de brinde: pessoas, datas, vitórias, ideologias, saúde... O ato de brindar nasceu para ser compartilhado em grupos como um genuíno gesto de amizade e companheirismo.
BRINDAR APROXIMA
Assim como um dia ele já foi garantia de que você não seria envenenado, no século XVIII o brinde era uma forma das pessoas ficarem sabendo o nome umas das outras. Esse contato também substituiu a prática anterior em que todos bebiam no mesmo copo. Entre os plebeus era comum brindar àqueles que não estivessem presentes, às celebridades, e – em particular – às belas mulheres. Já a realeza fazia do brinde uma cerimônia cheia de pompa: depois da sobremesa, eram deixados à mesa apenas a decoração, taças de vinho do Porto e um decantador. Após o anfitrião aprovar a qualidade do vinho, os demais eram servidos para fazer o brinde.
TIM-TIM
A famosa expressão é uma alusão ao som das taças durante o brinde. Os recipientes, inicialmente de cerâmica e metal, passaram a ser feitos em vidro vezesiano. Mais tarde, passou-se a colocar óxido de chumbo na composição dos copos para resultar na agradável sonoridade. A única restrição ao uso dessa expressão é quanto aos brindes entre japoneses. No Japão “TIM-TIM” é uma palavra obscena, e, portanto, nada recomendável na hora de brindar!
BRINDES CURIOSOS
Para os escoceses, seu uísque representa igualdade, generosidade e virilidade. Recusar um brindo com ele pode parecer uma rejeição a estes valores.
Na Áustria, o Sekt (champanha) é servido em ocasiões especiais, enquanto o Schnapps (destilado) é reservado para encontro entre amigos mais próximos.
Os russos quebram seus copos após um brinde, num gesto de alegria: para eles isso garante que nenhum brinde menos importante será feito com aquele copo.
Nos países de cultura germânica, escandinava e do Leste Europeu ninguém deve experimentar o vinho ou qualquer bebida alcoólica até que o anfitrião tenha brindado.
As bebidas mais utilizadas em brindes são, historicamente, a champanha e o vinho, mas o brasileiro já incorporou o chope e a cerveja, especialmente se o clima do momento for descontraído.
Um brinde a você que me prestigia.